segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Capítulo 32

- Então aqui estamos!
- É Bruna, vamos nos acostumar - ela sorria forçado.
- Hm, nem precisa disfarçar, sei que como eu não tou gostando, você também não tá.
Acompanhei ela, admirando os cantos da casa, que era espaçosa, elegante, mas sem mobília. Meio empoeirada. Como se fosse pouco estarmos ali, ainda fomos limpar a casa, de teto a chão. Ficamos esperando os móveis chegar. No carro só coube o básico, liquidificador, batedeira, microondas, etc. Organizamos na prateleira da cozinha e acabado, fui ao meu quarto, não era enorme, mas dava pra me manter respirando. Era pequeno o caminho até a cozinha, então de lá eu conversava com Lívia, meio que gritando. Continuei deitada no colchão e liguei o ventilador, tirando um cochilo de leve naquele clima. Acordei umas 14:00hs, pois havia chegado o resto dos móveis, ahhh, minha cama, enfim. Os homens que ela contratou montaram os móveis e enquanto isso eu só observava. Depois de tanto tempo, eu queria dar uma volta, sair dali, com gps em mãos fui tentando escapar dos olhos da Lívia, mas ela viu e não autorizou, motivo: me perder! Ah, qual é?! Eu já sou bem crescidinha pra saber voltar. Afinal de contas, eu teria que em algum momento conhecer a cidade. Fui tomar um banho de água bem gelada e me arrumei, deixando os cabelos molhados e soltos, rosto bem limpo, sem maquiagem alguma.
- Lívia - gritei - vamos à escola me matricular? Ou vai me dar a linda chance de só ficar em casa deitada?
- Tão engraçadinha né? Espera uns cinco minutos que vamos procurar a escola.
- Tá!
 Me joguei no sofá, bem posicionada na sala e peguei o celular, dei uns bocejos de sono ainda e comecei a me esparramar, nisso a Lívia chegou me puxando pelo braço, sentando do meu lado.
- De onde tira tanto sono? - risos - Quer estudar onde? Vi que andou pesquisando uns lugares com o Gui..naquele dia que ele foi lá em casa.
- Não tenho preferencia. Mas ainda bem que esse ano não vou passar a vergonha de cantarem parabéns no meu aniversário, ninguém vai me conhecer mesmo, faltam dois dias, ai ai ai.
Levantei os braços comemorando.
- Lívia - chamei ela, mas não deu bola - Lívia - chamei novamente - Lívia olha pra mim!
- Tá, tá, pode falar, que foi?
- Eu tou com vontade de ligar pro Gui, bateu uma saudade, uma saudade de escutar a voz dele, de ver ele, num guento cara. Eu ligo?
- Bruna, mas viu ele hoje. Ligar pra que? O Gui não tem mais sua idade, ele procura uma mulher de verdade, que não fique no pé dele, ele tem o que fazer e aposto que ele não quer você  ligando direto. É chato você ficar sendo chiclete.
- Tá, mas é que tá passando um filme na minha cabeça.
Ela ficou em silêncio e me entregou o celular que estava no sofá jogado.
- Mas só pra dizer que chegou bem, nada de uma hora de ligação, não precisa disso.
- Ok!
Peguei o celular e disquei o numero, mas pensei antes e ah, ligar pra que mesmo? Nem tenho o que falar, só quero escutar a voz dele. Não vou ligar! Devolvi o celular e convidei-a pra irmos visitar a cidade e alguma instituição de ensino. Concordamos nessa ideia e em dois pulos estávamos dentro do carro. Chegamos em um colégio que se chamava São Gonçalo, era particular. Bem decorado, grande, um ambiente bom de estar e já estava em aulas, eu via milhares de adolescentes, como eu, passando de farda. Era dia primeiro de agosto, dois dias antes do meu aniversário e o primeiro dia de aula. Vi professores, meninos bonitos, meninas tímidas, do tipo que só andava olhando pro chão, igual a mim. Eram várias tribos, rockeiros, patricinhas, me senti perdida. Fomos pra recepção e de lá nos mandaram pra direção pra conversar com o diretor, que parecia rígido, fechado, que cheguei a ficar com medo de estar naquela cadeira em sua frente. Lívia conversava calmamente com ele, mostrando meu boletim, alguma papelada da antiga escola. Ele analisou e falou o que era necessário pra matrícula e foi contando as regras da escola e que eu deveria me esforçar pra conseguir somente notas boas, pois já havia perdido metade do ano.  Fizemos algumas coisas lá e eu já iria pra escola no outro dia, mesmo sem estar tudo pago, pra não faltar mais muito. Saímos e ficamos conversando sobre nosso dia que estaria por vir.
Gui narrando:
Fiquei esperando uma ligação dela, pra dar notícias de como tinha chegado, fiquei trancado em casa, não quis sair pois não via graça em nada com os amigos, sempre que marcávamos algo ela estava no meio e acho que eu fiquei meio hipnotizado por ela, por que não vi motivo de sair sem ela pelo menos na cidade, eu queria escutar sua voz linda, sua risada que me fazia rir,eu não sei, acho que fiquei apaixonado. Continuei pensando nela, como se fosse trazê-la pra mais perto de mim e até quis ligar, mas como não sabia se ela estaria com seu celular perto, eu desisti, eram uma 16:30 e eu ali parado sem nada pra querer fazer. Faltavam dois dias pro aniversário dela e eu esperava trazer alguma surpresa pra ela, só que não sabia o que fazer pra surpreendê-la, estava feito bobo, querendo fazê-la feliz, dar tudo que pudesse alegrá-la. E de certo modo fiquei meio machucado por não pode estar presente com ela nesse dia. Mas de uma coisa eu sabia, dia 03 de agosto eu a faria a mulher mais linda do mundo, algo eu teria que fazer. Ela ainda não era minha namorada mas quando você sente medo de ser rejeitado? Por isso eu não tinha pedido ela em namoro ainda, mas completamente apaixonado que estava, era uma reação aceitável. Queria tê-la por uma noite, sem ninguém por perto e desmarquei tudo daquela semana, pra poder realizar esse desejo.
Ian narrando:
Guilherme passou a tarde trancado em casa, com o olhar distante e eu ficava pensando "Puts, nunca vi ele assim, será que a mina fisgou de vez?"


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