quinta-feira, 19 de julho de 2012

Capítulo 27

Saímos do salão, um atrás do outro, de fininho, organizados em uma fila, pra ninguém ficar no meio do caminho. Nisso o Fernando apareceu na nossa frente com seus grandes olhos verdes.
- Onde pensam que vão?
- Vamos pro hotel, vamos descansar.
- Não é o momento, vamos juntos. Todos vão na mesma hora.
- Poxa Fernando, mas a gente vai esperar isso tudo? - reclamei - e estamos todos de saco cheio disso aqui já. Então leva a gente, é perto.
- Eu não vou sair com vocês agora. Não vou deixar os outros só na segurança dos professores, tem bebida lá dentro sabiam? E os professores não vão dar conta.
Soltei um risinho.
- Eu sei.
- Quem vai ficar?
- Tá, eu não vou desobedecer, eu fico! - Manu puxou  seu amigo e foram andando pro meio da pista.
- Eu também, afinal nem tou tão cansada assim - Karol dizia mas bocejando.
Fiquei parada olhando todos se renderem, mas eu não ia ficar ali, meu astral para festas já tinha acabado e meus pés doendo de ficar em pé.
- Tá legal, eu já vou - Gui beijou minha testa e me olhou.
- Fernando, posso ir também?
- Tá, pode ir, mas olhem, juízo!
- Sempre - respondi.
Ficamos um pouco lá fora, dava pra escutar o som vindo da festa. Seu celular tocou e ele se afastou pra atender, me deixando curiosa. Depois de algum tempo ele voltou ao meu lado.
- Acho que estou oficialmente de férias.
- Como assim?Isso quer dizer que vai passar as férias com a gente?
- Não,não é isso. Não vou passar as férias aqui - ele deu uma pausa - precisamos conversar!
Fiz que sim com a cabeça e fomos nos sentar perto de praia. Vários carros passavam, por que não era tarde ainda. Os bancos eram de madeira, confortáveis e como estávamos próximos ao mar,a brisa do oceano tocava nosso rosto. Uma ventania relaxante.
- Bruna...
- Sim?
- Não sei o que tá pensando sobre nós dois, juntos, mas eu quero saber, antes de ir adiante, poe me dizer? Sei que você é direta no ponto e gosto disso - ele me olhou sério esperando a resposta - quero usufruir disso agora.
- Ahh Gui tou gostando, sério, ficar sua amiga e agora rolou, fiquei feliz. Me fez bem - falei sem entusiasmo pra não constrangê-lo e pra não parecer uma boba apaixonada, teria ter certeza do que ele queria.
- Só isso? - ele disse espantado.
- Só - menti - mas me fala aí, e você como tá?
- Bem, eu acho - ele riu - bom, quero deixar claro algumas coisas pra você.
- Então fala logo.
- As coisas mudaram muito rápido...
- A que se refere?
- Nós dois Bruna, nós dois. E independentemente do que acontecer com a gente hoje, eu gosto de você, mas preciso te falar algo.
Ele parecia confuso, rodando seu olhar pelo espaço. Preferi deixá-lo continuar e não abrir a boca até ele pedir.
- Você é meu chaveiro, minha Bruna - ele sorriu e passou a mão entre meu cabelo - minha amiga - piscou. Você já se sentiu assim?
- Como? Acho que precisa falar antes do que se trata pra eu poder responder isso!
- Gostar de alguém que não gosta assim de você.
Fiquei atenta e escutando tudo que ele falava.
- Eu só senti isso por uma pessoa - eu respondi - mas parece que estou sentindo de novo.
- É? Então você me entende...que a gente não devia levar tão a sério isso, entendeu?
Engoli a seco e fiquei calada.
- Quero ficar com você, eu curto, mas não tem nada além disso.
- É? Ahh te entendo - menti outra vez - eu também não quero nada sério, até por que seria estranho.
- Estranho? Por quê? É sério que pensa igual a mim? Pô..
Gui narrando:
Eu tinha contado de estar apaixonado por ele, de ela não gostar de mim e estava certo, ela não moveu um palmo pra dizer que gostava mais de mim que eu dela.
- Então Bruna, nem te contei a última...recebi uma carta de uma fã misteriosa e ela toda apaixonada, com uns versos, confesso que bonitos, mas não assinou com o nome dela, é como um diário, ela  vem me mandando cartas de semana em semana.
- Esquece. Ahhh que legal, que criativa ela, manda pelos correios? Além das cartas o que tem?
- Não sei, quando chego no estúdio tem uma carta e não é no pacote dos correios, só isso, não vem mais nada.
- Que lindo Gui - sorri e fechei a cara.
- Que foi? Mudou de cara de repente, tá com ciuminho é amor?
- Amor? Não, não é nada, só me deu sono Guilherme.
- Guilherme? Tá, vou acreditar que não é nada. Me fala, estamos juntos Bruna.
Levantei-me do banco e fui andar mas ele segurou meu braço.
- Onde vai?
- Pro hotel, dormir, tchau.
- Assim? E cadê meu beijo?
- Assim mesmo - tentei me soltar, mas óbvio, Gui era mais forte e me segurou junto a seu corpo - O que quer? Me usar quando precisar e sair por aí pegando o que ver na frente?
- Como assim?
- Esse teu papinho de ficar livre, não ter nada sério, você acha que sou o que? Não vou ficar te esperando pra sempre!
- Mas não é isso.
- Claro que é, dá pra ver na tua cara garoto. E me larga que vou pro hotel SOZINHA!
- Não vai  sozinha, eu te acompanho - ele segurou minha mão.
- Me deixa Gui - soltei da mão dele e fui andando.
- Você disse que estava tudo bem, confia em mim, vem aqui - ele gritou me fazendo voltar.
- Você não conhece as mulheres né babaca? Como não percebeu que eu tava apaixonada por você? Idiota - voltei pro meu trajeto e ele não veio atrás dessa vez, não olhei pra trás também. Cheguei no hotel e subi logo pro meu quarto, naquelas infinitas escadas. Não contive algumas lágrimas, mas a medida que caíam eu as limpava. Deitei na cama de bruços. Em seguida fui ao banheiro e comecei a tirar todo aquele peso de mim, a roupa, a maquiagem, fui lavando meu rosto todo com força e raiva. Fiz um banho relaxante. Durante aquele tempo fiquei chorando, tirando o peso,por que a voz dele ecoava repetidamente "quero ficar com você, mas não tem nada além disso. Quem ele pensava que era pra me tratar assim? Me irritei mesmo, chorei de raiva, como se fosse limpar meu ódio. Em uns instantes escutei a porta batendo e imaginei que fosse a Karol, mas continuei o banho, que demorou uns vinte minutos, isso pra relaxar. Saí já vestida e olhei logo pra minha cama, lá estava o Junior, meu ratinho companheiro, dei uma risada boba e me deitei, mas vi na cabeceira da cama que tinha um bilhete, não abri, deitei ainda de cabelo molhado. Peguei o celular e coloquei umas musicas pra tcar enquanto lia meu livro "crepúsculo", só que acabei dormindo e nem me toquei que ele ficou em cima de mim. Só acordei com a Ka chegando e derrubando algo no chão, fazendo maior barulho, por que pra quem dorme foi grande.
- E aí Ka? Curtiu?
- Aham, sim. Foi bom demais. Que papel é esse aí na cabeceira? Deixa eu ver!
Ela pegou antes que eu pudesse pegar e leu um voz baixa arregalando os olhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário