terça-feira, 31 de julho de 2012

Capítulo 30

Comi um pãozinho com queijo minas e tomei um suco de laranja o mais rápido possível. Logo em seguida Manu chegou pra me ajudar, já que sua mala já estava pronta. Saímos do quarto antes de 17hs, antes tínhamos tirado um cochilo pois pela tarde teve atividade e ela voltou pra dormir comigo. O show começou umas 17:30/18:00, o sol estava indo embora mais uma vez, o clima estava bom, ventava muito. A praia foi acumulando pessoas que viram o que aconteceria ali. Eu e as meninas não ficamos frente a frente e eu havia escolhido assim. Planejava me afastar um pouco deles, já estava tudo intenso demais pra minha cabeça, tudo rolando rápido demais.
- Boa noite galera, - Gui falava - essa que vamos fazer agora é uma com´posição minha. Fiz há pouco tempo -  ele olhava em meio às pessoas, procurando algo - espero que vocês gostem, o nome dela é "A mesma velha história".
Ele sorriu e manteve seu silêncio, esperando o toque inicial da banda. Na musica dizia "Ontem a noite você ligou na intenção, pra me dizer que não quer mais explicação...". Aquilo fez com que a Ka me cutucasse, apontou pra mim e em gestos explicou "Essa é pra ti", só fiz rir. Fiquei mexida com a letra, tentando colocar algo da nossa história dentro e realmente se encaixava,mas refiz os pensamentos, ahhh o Gui compôr pra mim? Não é verdade! Fiquei em transe e esperei terminar o show. Os meninos ficaram um tempo arrumando os instrumentos que eram do salão, guardando e tal. E aos poucos o lugar ia esvaziando. Fui ao encontro deles com a Ka e a Manu, já éramos passe livre com eles. Gui abriu seu mais largo sorriso, como se me quisesse do seu lado sem medo. Ele me puxou para seus braços, trocamos beijos e carinhos, sem nos importar com o que estava ao redor e seus amigos também nem encanaram.  É que não dava pra evitar, estávamos juntos, nos gostando de verdade, era mágico. Algo que não me sai da memória, era irreal pra mim. Eu tentei não m envolver muito, mas quem resiste aos encantos da pessoa amada? Isso mesmo, ninguém.
- Gui! - eu falei cerrando os dentes de vergonha de todos.
- Que foi? Todo mundo já sabe, não adianta disfarçar.
- Vamos Bruna? - Ka disse.
- Mas já? - Gui retruca.
- Já sim, já tá na hora de ir, já fiz o favor de ligar pra Lívia vir pegar a gente, por que por você né, a Bruna fica aqui a noite toda. Já tou enjoando viu? - ela riu.
- Relaxa amiga, já vamos. Tchau gente!
Fomos passando a rua e entramos no hotel, pegando as malas na recepção. Em mais de uma hora a Lívia chegou e eu nem sei o por que de tanto atraso, nisso colocamos as malas no carro e entramos, sentamos as três no banco de trás. Três? Sim, é que Manu veio correndo conseguir carona quando nos viu, o fato é que seus pais estavam viajando e não poderiam ir buscá-la. O caminho até em casa foi tranquilo, em silêncio, dava até pra cochilar, mas quem disse que estávamos cansadas? Ainda tivemos pique pra conversar muito sobre nossos cinco primeiros dias de férias. Mas a Lívia me chamou na cozinha, enquanto as meninas estavam no banho. Ela queria conversar sobre sua transferência no emprego, sobre nossa até então mudança de cidade, algo que naquele momento eu não aceitava, já tinha construído minha vida ali e não sabia se poderia me acostumar a morar em outra cidade, sem minhas amigas. Foi então que a Karol chegou em nós duas, contando que como sua mãe trabalhava no mesmo lugar também iria ser transferida pro escritório filial, em outra cidade, que seria construído, elas também mudariam de cidade, mas Ka levava na boa, ela não tinha algo que a prendesse tanto na cidade quanto eu e ela se adaptava onde a colocassem, era calma e sensata, não deu nenhum "piti". Eu não aguentei a conversa e comecei a chorar, por que passava um flash back em minha cabeça, eu lembrava daquele sorriso do Gui, do olhar dele fixo no meu, em como me envolvia com seu corpo, como me beijava e passou minutos aquela situação. Lívia e Ka tentavam me acalmar e perguntavam o por que de tanto choro, elas não entendiam e eu tive que explicar o por que daquela cena na frente delas, contei tudo mesmo, tudo desde que havia conhecido Gui na festa, até agora que estávamos nos envolvendo e dando certo e concluí que estava apaixonada, desesperadamente apaixonada, amando alguém que não era da minha idade, nunca foi meu tipo, que ganhava a vida  cantando e futuramente estaria rodeado de fãs, mas que eu tinha sido a escolhida, aquela menina tímida de 16 anos, que curtia um sertanejo, ficar em casa e vivia sonhando em conseguir um grande amor.
- Mas Bruna, eu não sei o que te falar, mas entenda, se eu largar minha oportunidade você sai feliz na história, mas se eu optar por mim eu ficarei feliz, você me entende, não se trata de eu estragar sua vida, seu romancezinho e é só um romancezinho, por que com o tempo essa paixão acaba. Eu só quero uma condição melhor pra gente viver, isso sim envolve nós duas.
- Mas eu o amo, como não tinha amado há dois anos. Você lembra da ultima vez que amei alguém? Não né, você estava trabalhando e sem tempo pra se interessar pelos meus sentimentos, mas agora não, você sabe de tudo, te dei espaço e quero continuar aqui.
- Até onde isso vai dar? Você quer esperar por ele arranjar alguém da idade dele e te deixar?É isso que você quer? Eu não quero que de maneira alguma você se machuque, entende?
- Gente, assim vocês nunca vão chegar num acordo - Karol interrompia - eu por exemplo, cedi pra ficar junto da minha família, minha mãe vai se mudar, meu pai aceitou e eu também, vamos todos construir uma nova vida em outro lugar e além do mais Bruna, você ainda tem as férias todas pra passar com o Gui, depois vocês veem o  que acontece, se separam ou ficam a distância. Tenta entender essa chance que a Lívia tá te dando tá? - ela passou a mão no meu ombro, como se acalmasse minha tensão - vou dormir, que amanhã cedo tenho que ir pra casa. Não briguem tá? Conversem direitinho! - ela beijou no alto da minha cabeça e acenou pra Lívia dando um tchau.
Continuamos conversando baixinho, pra não acordar as meninas e depois de muita emoção, muitos nervos descontrolados, chegamos em uma conclusão: iríamos viajar e quando desse iríamos visitar a tia Dora, assim eu poderia marcar de ver minhas amigas e os meninos, claro, se eu fizesse isso seria lembrada mas como as coisas nunca saem como a gente quer. Dia posterior, marquei de encontrar com o Gui num shopping, o Del paseo, era pra 15:00 e já eram 15:40 e nada da Lívia chegar em casa pra ir me deixar, então liguei pro Gui e desmarquei, mas como a gente precisava conversar realmente, ele veio na minha casa, trazendo o Ian de guia. Eles ficaram olhando a casa, como se o Gui nunca tivesse ido lá, mas é que ele queria esperar o Ian se distrair com algo para podermos conversar. Peguei um suco pra eles na geladeira e fiquei conversando com o Gui, até que o Ian achou o video game e foi tentar ligar, pra ele jogar enquanto a gente conversava.
- Eu sabia que não ia aguentar quieto - eu ria.
- Mas também, vocês só falam de vocês e me deixam boiando, prefiro jogar.
- Já conseguiu? - Gui perguntou.
- Já, já. Podem ficar aí na boa.
Fui no quarto com o Gui pegar um colchão pra botar no chão da sala, pra gente ficar mais a vontade e fiz uma pipoca, que por sinal queimou foi a panela, mas eu tinha avisado que não sabia fazer e insistiram pra eu fazer. Então ficamos eu e o Gui no colchão comendo pipoca e conversando. Comecei a contar toda a história de me mudar com a tia Lívia, de não voltar mais, porque era uma ótima proposta de trabalho e tudo ele só balançava a cabeça e tipo que aceitava a situação e ao final de tudo só disse uma coisa em bom tom.
- Só não esquece de mim!
Me deu um selinho e deitou no colchão. Deitei do seu lado e coloquei a mão em seu peito, como se abraçasse ele de lado, ele respirava descompassadamente. E eu estranhei aquela situação, então tirei minha mão de lá, só que ele segurou minha mão, ficamos frente a frente deitados e ele beijou minha testa, descendo até chegar em minha boca.
- Ai que preguiça - eu o interrompi e levantei, ficando sentada e ele ficou com cara de tacho lá.
Me abraçou na cintura e me puxou. Fiquei do seu lado de volta e passei meu corpo mais pra cima, ficando da cintura pra cima, em cima de seu corpo, começamos a nos beijar. Então a Lívia chegou do supermercado e Gui resmungou "Sempre chega alguém", me fez rir e eu levantei dando uma acenada pra Lívia.
- Isso ainda vai dar em casamento viu? - Lívia disse.
- Que nada tia, tou muito nova pra pensar nisso ainda.
- Que é isso Bruna, me dispensando?
- Hahahaha, nada disso, não dispensei, só tá muito cedo amor.
Escutamos um barulho na rua e todos corremos pra janela do apê pra ver o que acontecia e tinha um cara correndo com uma sacola na mão, em direção à um carro, supomos que fosse um acidente e descemos pra olhar. Chegando lá era mesmo um acidente, ficamos sabendo que uma moto a todo velocidade tinha trombado no carro do Gui que estava estacionado e arrancou o retrovisor, o cara da moto estava se desculpando, mas Guilherme estava pra explodir, seu carro era novo e como ele amava aquele carro, me contava que ele mesmo lavava com medo de alguém tirar as peças e tal, ele ficou revoltado e eu puxava ele pra perto de mim, pra que ele não fosse muito grosso. O cara da moto saiu de fininho e não quis pagar nada. Gui quase explodia de raiva, por ter que arcar com tudo.
- Amor tu devia ter colocado na garagem poxa.
- Agora eu que tou errado? Ele que veio com tudo pra cima do MEU carro.
- Vamos, vamos subir vem, aí tu liga pra alguma oficina, anda - eu puxava ele pelo braço e ele tentava ficar olhando pro estrago no carro.



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