quinta-feira, 7 de março de 2013

Capítulo 47

É, não teria nada mais perfeito que minha volta com Gui, mas eu não aceitei logo de cara, propus que ficássemos apenas, quando a gente quisesse, quando desse. O caso é que eu confiava nele a ponto disso, de pensar que ele não me trairia mesmo a gente não tendo um relacionamento sério. Pensei que assim poderíamos medir o grau de necessidade um do outro, de saudade, aí quando estivéssemos seguros, voltaríamos, ele aceitou e até achou uma boa ideia, o que me impressionou já que ele gostava mais de namorar que de ficar.

2011

Já faziam quase dois anos de "convivência" com Gui, éramos quase irmãos, tá eu exagerei, éramos amigos coloridos e quem diria que ele aguentaria ficar nesse "vai, não vai". Em se falar de escola, é, eu estava livre desse mini inferno que foi pra mim, não havia passado no vestibular em 2010. Continuava com os mesmos amigos. Ka estava toda de chameguinho com um amigo que conheceu nas férias, talvez fosse nossa sina nos aproximarmos de pessoas envolvidas com musica, esse tal garoto tocava bateria, isso me fazia lembrar Manu que era louca numa bateria e queria muito ter aulas e veja só, essa poderia ser uma ótima oportunidade, mas só se ela viesse nos visitar. Manu estava trabalhando pra manter sua faculdade, seu curso só tinha na particular por isso ela optou por investir nisso. Ahhhh outra novidade...Marcos pediu Lívia em noivado, isso fazia ela começar a pensar em voltar para nossa origem, ela queria ficar perto dele. Eu já estava adaptada, mas onde ela quisesse ir eu iria junto. Prestes a completar a maioridade, eu só pensava em conseguir um emprego e comprar um carro, foi aí que comecei a fazer cursos, ao sábado era de auxiliar de escritório que era de graça e só pagaria o diploma, na semana eu fazia curso de espanhol que por sinal eu era bolsista por ter chegado lá em casa um cupom com desconto se eu fosse me matricular até tal dia. De vez em quando eu lia alguns livros de literatura, ficava me preparando para o Enem daquele ano, eu queria tanto passar, por Deus! Só que eu deixava de lado a matemática pois já tinha problemas demais na minha vida como ia conseguir resolver os de matemática?
Um dia eu estava na rua e vi uns tatuadores de rena e fiz uma borboleta no ombro e meu nome embaixo, isso significou pra mim que eu era igual ela, passava por metamorfose. Logo eu que não gostava de tatuagens...pois é! Iria surpreender as pessoas.
Chegou o domingão e eu e Lívia fomos correndo já planejadas pra nossa cidade natal, lógico que não correndo, é modo de falar, fomos no carro dela. Era dia 17 de julho, para muitos é uma data sem importância, mas para mim era o aniversário do meu príncipe. Então eu queria que fosse lindo, que ele estivesse rodeado de pessoas que o amam...dentro do carro eu ficava imaginando o que fazer quando o visse na minha frente, faziam 2 meses que não nos víamos e logo no dia do aniversário dele eu iria dar as caras, claro que a gente se falava por redes sociais, celular, mas não é a mesma coisa que falar pessoalmente e eu ficava mais que tímida na frente dele, não sabia como reagir, só queria ser perfeita e pobre de mim, não sabia que ele gostava de mim por minhas imperfeições! Quando estávamos uma cidade antes de chegar paramos em um posto e tinha uma conveniência, então eu com alguns trocados fui procurar algo para comprar ali para conseguir presenteá-lo, eu devia ter comprado isso antes, mas resolvi fazer algo criativo e de última hora para ver no que dava, o que importava era ser de coração para ele perceber isso e gostar da minha boa vontade. Entrando lá só tinha umas revistas, uns chocolates, energéticos, comida e nada que realmente fosse útil para ele. Gui era tão homem que as vezes me dava medo de ofendê-lo dando uma bobeira qualquer. Então eu voltei pro carro com uns bombons de chocolate, serenata de amor, seria isso a unica coisa que eu poderia dar? Pensei e pensei, então eu comecei a pensar em uns versos, logo peguei minha agenda da Minnie edição 2011, toda rosa, fofa, enfim, peguei uma caneta e fui anotando o que vinha na minha cabeça e como vinham ideias! Coloquei no topo da página "Estar comprometido com alguém significa estar obrigado a cumprir aquilo que prometeu. Seja o que for prometeu tem que cumprir e eu te prometo amor eterno, não importa o que houver, você do meu coração não sai!" Daí comecei a escrever a musica que eu tinha composto ali mesmo naquele posto de gasolina. Que diz assim:

Já tentei te falar
Tanto te explicar
Mas você não deixa escolha
Seus olhos gravaram em mim
Desde que te vi não consigo evitar

Agora eu quero te ver
Sem perceber
Como está tão longe assim

Me dê a sua mão e seu coração
Vem pra mim
Irradia meu dia
Com simpatia e calor

Vem se apaixonar
Vem me levar
Meu amor

Tudo me faz lembrar você
Vem me ter
Tudo me faz lembrar você
Vem me ter

Chegamos na casa da Tia Dora e ficamos conversando um bom tempo até que eu pedi que fossemos ver o Gui, todos concordaram e foi praticamente a família toda, tá exagerei de novo, foi a minha prima, tia Dora e a Lívia e eu só curtindo andar de carro pela cidade, eu adorava aquele ar de cidade praiana. Com uma meia hora chegamos na casa dele. Estava tendo almoço e eu fiquei super envergonhada, mas Gui nos convidou pra almoçar com eles, eu disse que estava cheia de comida e era mentira, só que eu tinha vergonha de comer na frente de muitas pessoas. O chamei num cantinho e entreguei pra ele a folhinha da musica e da frase e coloquei dois bombons de chocolate em sua mão.
- Foi o que deu no meu orçamento de não estudante e desempregada - risos.
- Boba, sua presença já é o suficiente.
Ele sorriu e passou sua mão por trás do meu cabelo, me puxando contra seu corpo e fazendo nosso lábios colarem, nisso rolou. Lábios macios do Gui, no meu ressecado do sol, línguas dançando e mordidas pra apimentar o momento e matar a saudade do beijo. Finalizamos com um abraço forte e cada um beijando o pescoço ou bochecha do outro.
- Mas você me surpreendeu, não avisou que tava aqui, a gente podia ter ido pegar um cinema ontem.
- Não...cheguei hoje Gui, 11 horas cheguei, agora é o que? 13:30? - olhei no relógio - É, isso mesmo!
- Vai ter festinha, os meninos organizaram uma galera pra comemorar na pizzaria, vamos?
Ele segurou minha mão e a beijou, me olhando.
- Se a Lívia deixar eu vou, - sorri sem graça - vocês vão cantar lá? Algo do tipo.
- Nãoooo, só comemorar mesmo.

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