Nesse momento, pensei em ir para casa de minha tia Dora, mas como já tinha voltado do clube por medo da Lívia brigar comigo, resolvi ficar quieta dentro de casa! O tempo estava passando lentamente, então escrevi um bilhetinho para Lívia e colei na geladeira, que dizia: "Cansei! Precisava tomar um ar u.u Espero que não meta a bronca quando eu chegar! Bj, Bruna". A espera de alguma ideia de onde ir, fui descendo as escadas, mexendo no celular, até parar em um batente e ter uma surpresa ao ler uma mensagem, não é bom relembrar isso. Fingi não ter lido, apesar do choque! Continuei andando e decidi pegar o elevador, pois morávamos no 4 andar e descer as escadas pra mim não era tão fácil, eu era bem sedentária! Fiquei olhando o numero dos andares, até que cheguei ao térreo. Olhei ao redor, confesso que estava meio perdida, sem saber pra onde ir, mas parei um táxi, só que mais sensata, dispensei-o e fui dar uma volta no quarteirão sozinha, sim, eu não tinha noção do perigo. Cheguei na padaria e comprei uma tortinha de limão, que era algo memorável, pois lembro que quando criança minha mãe comprava pra mim. Bons tempos...meu pai me colocava no tanque da moto e minha mãe vinha atrás dele no banco, eu fingia dirigir e sempre íamos na mesma padaria. Não sei que momento foi esse tão aéreo meu, de sair sem rumo. Nisso voltei ao condomínio, com a torta em mãos eu saboreava aos poucos e passava um flash back em minha cabeça. Chegando no apartamento, conversei com o porteiro, perguntando sobre minha tia, se havia chegado, ligado, ou algo assim, mas ele disse que ela já havia subido. Corri para vê-la, por que estava com saudade, ficar ali sozinha em casa havia sido desagradável. Num pé só abri a porta, digo pulei de uma vez só dentro de casa, estavam no sofá Gui e Lívia, eu não acreditei no que estava vendo e no outro dia quando contei pra Karol e Manu elas custaram pra acreditar, mas era verdade, ele estava ali! Sim! Olhei os dois com cara de "Que tá fazendo aqui?". Aproximei-me e fui até a cozinha beber uma água e fiquei calada, na minha. Quando viro Gui vinha andando em minha direção.
- Esqueceu isso no clube! - arregalei os olhos pra ele e olhei logo pra Lívia - Ela já sabe, relaxa.
- Por que você contou? Ah nemmm, intrometido. LÍVIA DESCULPA, FOI A KAROL QUE ME ARRASTOU, EU NÃO QUERIA IR, DESCULPA, NÃO FOI POR MAL DEIXAR A CASA SOZINHA E SAIR SEM PERMISSÃO - falei manhosa.
- Bruna, você achava que eu não ia te ver lá? Que tipo de ladra você é pra fugir, se esconder, escapar e eu não ver? Vi você escondida! E até falei pra Karol te convidar a ficar. Mas você se sentiu tão culpada que voltou.
Fiquei espantada com aquela situação, estava desacreditando de tudo. Fechei os olhos uns cinco segundos e olhei pra frente. Guilherme abriu minha mão e colocou meu chaveiro nela, meu chaveiro era um ratinho meio grandinho de pelúcia, ele era encaixado na chave de casa, se chama Junior e carrego ele pra onde vou, tanto é que emendei na chave do apartamento. Segurei ele com força e dei um sorrisinho sem graça, sem fé.
- Mas você tava o tempo todo com ele?
- Sim! - ele riu.
- Ahhhh então por isso perguntou o que eu ia fazer em casa né? Queria me deixar fora? Mas nem rolou, eu pedi a chave reserva pro porteiro - dei língua pra ele - mas por que veio entregar aqui? Podia ter dado pra Mônica.
- Eu não sei, a festa ficou sem graça, aí resolvi fazer uma boa ação! Depois que toquei vi que a Lívia vinha embora, daí vim entregar. Só pra sair de lá.
- E os meninos? E a festa da tua prima, sobrinha, sei lá?
Ele deu de ombros e arregalou os olhos.
- Sério, não tou acreditando que tu tá aquim cara é muito surreal.
- Ô Bruna, eu vinha convers...-ele foi interrompido pela Mônica que saia do quarto da Lívia e vinha pra sala, andando com sua rasteira barulhenta.
- Voltei! Obrigada pelo banheiro Lívia, ai não dava pra segurar em chegar no quinto andar não!Vamos Gui?
- Mas não já tinham voltado da festinha?
- A gente vai pro meu apartamento, acertar coisas.
- Ahhhh sei! - falei meio ciumenta.
- Está com ciume Bruna? - Lívia gargalhou.
- Lógico que não, por que estaria? - fuzilei ela com o olhar
- Tá na hora mesmo, a gente veio pra aliviar você e acabei esquecendo dos papeis.
- Desculpa me intrometer...mas que papeis cês tão falando? - sorri amarelo.
- Papelada pro Gui viajar, acertar coisas da banda por aqui, pra ele poder viajar, ir pra RN.
- Hummm e que você vai fazer lá? - perguntou Lívia.
- Vai ter um festival de rock lá, estavam convidando cantores pra participar, mas tem que ser solo, então os meninos não vão.
- Como assim? E se você ganhar? E a banda?
- Bruna já perguntou demais né? O Gui e a Mônica estão apressados!
- Não, a gente pode ficar um pouco mais né Mônica...
Eu adorava essa atenção de Guilherme, mas duvidava também, afinal Gui tinha 22 anos, começando sua carreira, focado em sua musica com a banda e ficava dando trela pra mim? Para minhas perguntas, questionamentos? Eu dava pulinhos de felicidade internamente, mas desconfiava.
- Então podem se sentar, vou pegar um refrigerante pra gente por enquanto.
- Não Lívia, não precisa, já estou cheio disso, bebi muito no clube!
- Eu aceito tia - falava me acomodando no sofá e sorrindo sem parar para Gui, parecia uma boba! - eu queria sabe ser assim igual você, correr atrás da musica, acreditar mais nos sonho.
- Mas você vai conseguir mostrar sua musica Bruna, de algum modo, não se preocupe! - Lívia me relaxava.
- E você é cantora Bruna? - Gui perguntou surpreso, agora olhando em meus olhos - nem parece.
- Pelos óculos, ou pela roupa? - cruzei os braços, meio brava e pra baixo.
- Não, não é isso.É que parece ser uma menina muito quieta, por isso fiquei surpreso!
- Ahhhh, mas não gente, não sou cantora, sou envolvida com musica desde pequena, sempre achei bonito um violão, quem toca, cantar não sei, não tenho voz. Tenho esse sonho desde pequena, aprender a tocar violão.
- Devia pegar umas aulas, vê se tem jeito! - Gui aconselhava.
- Esse ramo da musica é bom, mas tem desvantagens e aliás tudo tem!
- Eu sei, eu sei, mas não sonho com a fama, podemos mudar de assunto?
Eles me olharam meio torto pelo modo que falei, mas também não fizeram muita questão de continuar no assunto, aí que pensei "Pronto, estraguei tudo". Mas sempre havia algo pior, eu pensava assim.
- Quer que eu toque algo pra você?
- COM A MÃO?CADÊ O INSTRUMENTO NÉ GAROTO? - eu ri, ri sozinha,por que me olharam calados, aí Guilherme soltou uma gargalhadinha gostosa, que me fez sorri, nisso ajeitei o cabelo atrás da orelha e olhei bem em seus olhos.
- É verdade cara, que leseira. Mas posso cantar, do que você gosta? Aí me acompanha!
Ri mais uma vez, sendo boba.
- Ai eu tenho vergonha, não vou cantar, nem acompanhar nada. Mas eu gosto daquela, como chama? - fiquei piscando os olhos e tentando puxar da memória, estalando os dedos - ahhhh, "Sem radar - LS Jack", pode ser?
Ele me olhou, fazendo nossos olhares se cruzarem. Passou a mão no cabelo e introduziu.
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