sexta-feira, 29 de junho de 2012

Capítulo 18

Ele ficou olhando pro chão enquanto cantava, mas foi só um trecho.
- É essa né? Eu gosto também.
Ele ficou me olhando e eu apavorada, nervosa mesmo de saber o que passava na cabeça dele enquanto observava.
- Não tá na hora de irem, não? - perguntei confusa.
- Na verdade tá né Gui, vamos.
Meu celular chamou e eu já imaginava que fosse a Ka, corri pra atender e enquanto isso eles foram embora, Gui só levantou a cabeça como se estivesse cumprimentando, nisso dei uma acenada e eles saíram.
- Bruna?
- Oi Karol, tá bem? Tá onde?
- Tou bem, tou voltando pra casa, cansei de lá, o David resolveu sair com a Renata e eu fiquei sozinha. Como pode, ele me convida sai e você também hein, me deixou sozinha...mas eu entendo pela sua parte.
- Ai deeeesculpa Ka, mas tu sabe né? Por que eu tive que vir e eu soube viu que a Lívia me viu, falou contigo sobre mim e você nem pra me falar né? Eu até podia ter ficado, chata.
- Chata é tu Bruna. Mas...enfim, não tem que pedir desculpa e vou desligar aqui, por que se não sou assaltada por aqui andando com o celular na mão né?
- Tá bom amiga, vai lá, beijo.
FIM DA LIGAÇÃO.
Fiquei uns cinco minutos olhando pro nada e a Lívia me olhando, eu sabia que ela ia me dar aquela bronca, mas talvez não, vai saber...daí tentei ligar pra Manu, eu precisava de alguém pra conversar já que a Ka tinha que voltar pra casa e seria impossível ela fazer o que eu queria...eu queria alguém pra conversar, pra dormir lá em casa e me acalmar, tinha ficado apreensiva com minha reação, com o que havia conversado com Guilherme, eu queria saber se estava certa ou errada em sentir aquilo, em estar investindo em algo que não tivesse futuro, em algo tão arriscado. Assim que liguei pra Manu ela concordou, ela era mais velha, já tinha tido alguns namorados, eu julgava isso como experiência, já pra mim era difícil lidar com aquilo. Ela chegou com uns quarenta minutos lá em casa. E chamei direto ela pro quarto, jogamos sua bolsa em cima de uma poltrona e nos deitamos na cama, olhando pro teto, foi aí que resolvi abrir o jogo mais uma vez. Mas ela ficou um pouco preocupada, por que nos últimos meses eu tinha convocado muito ela pra conversar e eu não era disso, deu pra perceber quando ela chegou e me abraçou demorado, me passando confiança.
- Pode contar logo,o que tá acontecendo? Conta tudo.
- Não tou aguentando mais Manu - eu falava triste - toda essa história, minha vida tá uma droga agora, tá tudo ao avesso, de pernas pro ar! O Gui teve aqui hoje.
- COMO ASSIM? Conta tudo, agora que tem que falar mesmo!
- É, ele deu uma desculpa que a Mônica queria fazer xixi e não aguentava mais, mas eu não gostei nada disso.
- Tem certeza?
- Lógico, só serviu pra confundir mais minha cabeça cara, eu gostava do Raul até então, ou pelo menos achava e agora vem o Gui e faz eu me apaixonar do nada. Sou muito fraca com isso. Juro que se eu soubesse que ele vinha tinha nem vindo logo pra casa.
- Por que você não começa contando, sondando ele? Ver se pode rolar algo, sei lá amiga...
- Tá louca né Manu?
- Não, não tou. Ele é um cara normal amiga, ele pode gostar de você.
- Não, eu não posso fazer isso, tenho medo, tenho muito medo, de como ele vai reagir, num fora que vai me dar, se vai rir de mim. E olha aqui, nem você vai dizer nada, tá me ouvindo? Esqueça de falar com ele virtualmente, pessoalmente, seja como for!
Deu cerca de uma hora nós falando nesse assunto. Manu me encorajando, dizendo que ia nos ajudar a ficar, nos conhecermos melhor e tal. Mas na verdade eu não queria aquilo, não queria me magoar e tinha muito medo de uma relação com ele, mas sobre idade, EU NÃO ESTAVA NEM AÍ.
Os dias passaram rápido naquele final de semana e segunda já estava bem aí. Eu não acreditava que teria de enfrentar mais essa. Tomei meu café da manhã, fiz minha higiene e fui ajeitar uniforme e mochila. Coloquei o tênis na maior leseira e parti pra escola com Lívia. Chegamos na hora quase certa, nos despedimos e fui logo pra classe, toda desengonçada com aquela bolsa pesada. Manu estava na porta me esperando, mas conversava com um menininho que ela era afim, então nem interrompi e saí de cara fechada pra minha cadeira e quando ela percebeu foi pra sua sala. Já Karol estava com a Isabela, aí resolvi não atrapalhar também, pegando meus fones e colocando no ultimo volume umas musicas meio românticas, daquele sertanejo bom. Na minha frente parou o Raul.
- Tá bem? Por que se afastou?
- Não, não tou.
- Por que?
- Nada, nada, esquece, você não vai entender.
- Vem cá vem - ele me puxou pra um abraço e o abracei com todo o peso que eu sentia dentro de mim, um abraço bem forte.
- Mas nada que você faça vai mudar isso, para vai.
Ele  me olhou estranho e foi pra sua cadeira, ficou conversando com os amigos dele e eu deitei minha cabeça na cadeira. Nisso Fernanda, uma amiga que eu já tinha há um tempinho veio conversar comigo e tentar me alegrar e conseguiu, ela sempre tinha essa facilidade. Ficamos falando até o professor chegar e meu pique pra aquelas aulas estava lá em cima! As aulas passavam lentinhas a cada semana. Passando uns meses, até chegar junho,o coordenador chegou na sala para anunciar uma viagem que iria ter de férias, como se fosse colônia de férias, o preço não era baixo, mas parecia uma boa, pra esfriar a cabeça mesmo. Já pensava em ir antes da Karol me convidar. Aí tive mais certeza de ir. Seriam cinco dias de acampamento mesmo. Eles fizeram isso por que a gente fez abaixo assinado pedindo, os segundos e terceiros anos, mas claro que a fiscalização ia ser pesada pro nosso lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário