Como faziam meses, de encontros em rádio, de show e tudo mais...eu já tinha o celular do Guilherme e resolvi ligar para avisar, contar a super novidade, estávamos em uma espécie de intimidade já, porque sempre que nos víamos parecíamos amigos, mas ele não queria que eu desse seu celular pra nem umazinha sequer amiga minha, nem pra Karol, nem Manu, nem fãs mais desesperadas que fossem. Então concluí que não deveria ligar, esperando o Fernando terminar de falar.
- Bom e tudo já está esquematizado, vocês terão dois professores na cola, na linha dura pra não fazerem coisas erradas, mas ainda falta um monitor, além de uma supervisora do colégio. Algum aluno quer ajudar na supervisão?
Todos calados.
- Mais uma vez, vamos, estamos perdendo tempo, vamos ter que rodar o folder e comunicar aos pais de vocês. Não serão dedos duros ou coisa do tipo, pelo contrário, vão nos ajudar, alguém?
Eu cutuquei a Karol perguntando se ela não queria fazer isso comigo, sozinha eu não faria, mas com ela sim. Nisso chegou dois alunos do terceiro ano para representar a turma e ver o que ele falava pra informar na classe, um desses dois, era a Manu, claro, ela sempre muito ativa não poderia ficar fora dessa e eu a admirava por isso.
- Fernando? - Karol levantou o dedo - vai ter algum concurso de musica, algo? A gente curte pra caramba essas coisas, algum arrasta pé, sei lá, algo pra animar? - todos riram e ela também.
- Não pensamos em nada assim ainda. Já que você tocou no assunto, o que querem que tenha?
Eu levantei o braço.
- Seria bom se a gente pudesse levar uma amiga, uma irmã...né gente? Aí seria melhor.
- Não, isso não dá certo, aí vão querer levar marido, namorado, ficas, não dá! Assim não.
Resmunguei e chamei a Manu pra perto, aí ela puxou uma cadeira vazia do meu lado e sentou.
- Oi?
- Ah e o churrasco na Larissa que a gente ia?
- Não vai ser no mesmo dia, mas não sei se ela vai cancelar, por que já tendo essa "colônia de férias" - ela gesticulou aspas com os dedos - talvez ela cancele, por que pode não dar ninguém e tal.
- Ahhhhh entendi.
- Bom turma, mais duvidas? sugestões? Preciso passar nas outras salas ainda.
Todos em coro disseram que não e ele saiu. Nisso a Manu e o menino ficaram na classe e foram lá pra frente anunciar algo e o professor só olhou pra eles, calado.
- É só um recado professor, já saímos...bom gente, depois de tudo isso que o Fernando falou, eu e o Carlinhos queremos fazer uma proposta.. A gente quer ir pro Beach Park, ou pra Praia das Fontes, no Beach Park não seria mais acampamento por que lá tem hospedagem e ficaria todo mundo juntinho, agora na praia das Fontes seria. Vocês conhecem esses dois já?
- Não! - todos.
- Então, qual melhor acampamento lá na praia das Fontes ou hospedagem e animação lá no Beach Park? Não que acampamento seja ruim, mas pensem comigo, no Beach Park já é tudo prontinho, tem piscina e tal.
- Manu tu só pode ser milionária né? Por que vê os preços que sai pra tu tá querendo ir pro Beach? O colégio vai esganar a gente por dinheiro.
- ÉÉÉÉ! - todos.
- Então pronto, é Praia das Fontes com acampamento e ponto final né?
- Sim! - todos.
Eles saíram com essa confirmação e foram conversar com o coordenador. Lá no colégio tinha grêmio estudantil, por isso eles poderiam falar pelos alunos todos e mandar propostas e os vários lados positivos disso. Fiquei cutucando a Karol pra gente falar mais disso, mas o professor chamou nossa atenção e nem tive tempo. Fiquei olhando pro quadro e vendo as explicações, pra recuperar as notas perdidas, tentar entender a matéria. De imediato a aula acabou, por que o Fernando tinha falado muito, não havia mais aula, depois fomos convocados à ir pro auditório, mais reunião sobre a viagem, creio que naquele momento, Manu e o tal garoto já tinham feito a proposta e tal, seríamos chamados para os últimos detalhes.
- Ai eles ficam chamando só pra dar mais vontade de tá lá - comentei com Fernanda que estava do meu lado rumo ao auditório.
- É!
Foram longas horas até acabar o falatório, terminamos na hora do intervalo, segundo e terceiro ano todo agitado, rindo a toa e esquecendo das provas finais antes da viagem. Eu nem dizia nada, já estava exausta do colégio. No intervalo estava todo mundo, digo TODO MUNDO comentando disso e o primeiro ano só babando por que não ia ter nada pra eles e eu pensava "Esperem pirralhos, a hora de vocês vai chegar", rindo sozinha. Depois passei as duas ultimas aulas encarando o teto e em uma hora perdida, um desatino olhei pro Raul e ele tava de papinho com uma amiga dele. Nem liguei, afinal quem eu queria mesmo era o Gui, Raul só servia pra entreter e confundir meus pensamentos. Sei que dormir na ultima aula mesmo e quando acordei foi a Fernanda me dando umas cutucadas bacanas pra eu levantar. Fui pra casa de carona com ela e no caminho falávamos sobre bandas, festas e minha carreira de escritora, sim ela sabia que eu amava escrever e ficava jogando piada que seria a primeira a comprar meu livro. E eu dizia que daria autógrafo e tal, mas tudo não passava de brincadeira, não era algo que eu pensasse que seria pra minha vida, pra eu ganhar dinheiro, mas sim, era meu grande sonho. Ela pra mim era de confiança, apesar de uma certa distância que estávamos tendo, eu contava o que podia pra ela. Inclusive fui falando da banda, dos meninos, do Carlos David que era um fofo sempre que nos encontrávamos e agia como se fossemos amigos, do Thiago que como sempre era um palhacinho, um danado em relação a conversar com fãs, por que sempre fazia um agrado do tipo imitar uma voz grossa pra animar, Ian era como um protetor, sempre dando segurança pra tudo. E Guilherme havia sido o cara por quem me apaixonei por completo, mas será que dá pra se apaixonar incompletamente? Talvez não. Gui era meu anjo, meu menino, meu vocalista e eu estava amando sentir aquilo por alguém que merecia, que talvez precisasse. Enfim, contei tudo e ela achou tudo muito fofo, minha relação com eles e de meu amor por Guilherme. Cheguei em casa e essa era minha rotina: Provas e casa, provas e casa, vez perdida eu ia na sorveteria e assim acabou a semana que antecedia a viagem. No sábado eu liguei para Guilherme, estava morrendo de saudade de escutar sua voz.
- Gui?
- Olha, aprendeu a me chamar de Gui, depois de uns meses de agonia - ele ria - oi, como tá Bruna?
- E como sabia que era eu?
- MEU CELULAR IDENTIFICA CHAMADA SABIA?E tua voz eu reconheço em qualquer lugar menina.
Eu dei um risinho e fui contar da novidade pra ele.
- Ah, mas não precisa ser ignorante chatinho ô. Ah tenho uma novidade. Mas pera que vai fazer nas férias?
- Não sei...acho que cantar, quem sabe. Não sei se tem show marcado, talvez tenha algum programa, mas não sei. Por quê?
- Por que eu vou passar uns dias em um acampamento, não é legal? Eu não liguei antes pra avisar por que tava cheia de coisas pra fazer. Devia ir um dia dar o ar de sua graça lá! Passa na praia das Fontes, talvez estejamos lá haha. Eu ia adorar - eu ainda parecia uma boba falando com ele, eu o estava convidando pra ir no acampamento, jurando que ele iria dizer sim, mas no fundo eu sabia que não.
- Ahhh maneiro! Quando eu estudava não tinha isso. Pode ser, quem sabe né?
- Tem alguém aí? Por que tá falando pouquinho?
- Não, tem só uns amigos, aí não quero muito que eles fiquem comentando o que estou falando.
- Ahhh então vou desligar , devia tá se divertindo aí e eu aqui enchendo o saco? Vou desligar, tchau.
Gui narrando:
- Bruna?
Mas ela já havia desligado e eu nunca imaginei, mas eu queria falar com ela, passar um tempo falando, mas não queria ser comentado naquela roda de amigos que eu estava lá, a gente via tv, futebol da segunda divisão, entre eles estava o Thi, maior torcedor do Ceará que eu conheço até então, ele conhecia a Bruna, mas eu não queria que ele fosse querer fazer um relatório da conversa, por isso falei pouco, o que devia, dentro dos padrões.
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