Ele foi se trocar no banheiro e voltou como um príncipe, aliás, de qualquer jeito que Guilherme se vestisse parecia um, talvez até de mendigo eu o acharia lindo, confesso. Estava com a paixão queimando em mim, aquela sensação boa e devastadora ao mesmo tempo. Ele vestia uma camisa branca de mangas compridas e uma bermuda ainda bege, marrom, algo puxado pra essa cor. No caminho até a praia íamos conversando de bandas, pois era nosso assunto preferido, eu adorava falar de tudo que estava em alta nesse ramo e ele contava de suas preferências. E como sabia que Gui adorava compôr, ia falando de suas musicas também. Quando estávamos perto da praia, ele passou seu braço pelo meu ombro esquerdo e ficou andando bem junto a mim, apoiando-se em meu ombro. Todos nos olharam por estarmos atrasados e as meninas riam muito pra mim, fazendo sinal de legal, jóia, alguns percebi que comentavam sobre nós dois, por que ninguém havia levado amigo, ou amiga. Sentamos próximo a minhas amigas e eu comecei a ficar sem jeito com seu braço no meu ombro, talvez ele tenha notado e tirou de lá. A turma estava comentando de uma festinha que ia próximo ao hotel, em um salão de festas, lá sempre tinham bailes, esse não seria o primeiro. Mas nada de mascaras ou roupas a fantasia, essa seria "a festa do beijo", o que me intimidou, eu d e t e s t a v a esse negócio de pegação em baladinhas, pra mim você tem que ficar com alguém que goste e nesses lugares só o que dá são pessoas querendo te beijar, já passei por experiências assim, desagradáveis, o menino ficava puxando meu rosto tentando me beijar e eu ficava fugindo, sabe-se lá com quem ele havia ficado naquela noite e eu ia aceitar seu beijo? Nunca! Olhei pro Guilherme de rabo de olho, questão de cinco segundinhos ou mais e voltei a olhar pra fogueira. Nisso ele juntou mais de mim.
- Você vai Bruna?
- Acho que sim, se não minha unica opção vai ser dormir e como não quero ficar fazendo isso nas férias né?
- Hmmm.
- Vamos?
Ele ficou calado e voltou a olhar pra turma, mas depois respondeu que sim com a cabeça. Passamos algum tempo ali conversando, fizemos brincadeiras, até que chegou em uma de perguntas, era assim, cada um escrevia uma pergunta num papel e colocava em um saquinho, daí depois que todos tivessem colocado, cada um pegava um papel dentro do saquinho e tinha que responder o que no papel. Até o Gui entrou.
- Aqui pergunta se eu já fiz uma loucura por alguém...bom, ainda não fiz nenhuma loucura por ninguém não.
Eu olhei pra ele e pensei "Por mim fará" e dei um risinho de canto só pra mim, daí as meninas me olharam sem entender por que o riso, mas não falei nada. Me encostei no ombro do Gui e ele ficou paradão, sem esboçar nenhum sentimento, isso me deixava tão confusa, eu queria decifrar o que ele sentia mas não conseguia, por que em horas ele tinha tanto carinho comigo e em outras ficava frio, eu realmente não fazia a mínima ideia. Levantei minha cabeça e conversei com as meninas uns instantes.
- Tou cansadão. Vem dormir também?
- Não era você o que não tinha vergonha? Como assim?
- É que não tou confortável aqui, é isso.
Ele se levantou e olhou pra mim, esperando que eu fizesse o mesmo.
- A gente tá indo dormir Fernando. Gui não tá bem.
Ele fez um ok com o dedo e saímos.
- Não tava gostando?
- Só não é muito a minha galera, achei estranho saca?
- Ah saco, saco, claro, mas eu fui na sua festinha e me dei bem por lá, lembra? Aquela do churrasco, seja lá o que for?
- Tá querendo brigar Bruna?
- De maneira alguma, só lembrando o que aconteceu comigo.
Ele não deu bola pro que falei e continuamos em silêncio até chegar ao quarto. Depois de ter falado aquilo com ele fiquei meio mal, confusa e querendo desfazer meu convite.
- Vai dormir aqui no quarto é? - falei com um olhar esnobe e voz fria.
- Tá, desculpa Bruna, eu não queria ser grosso.
- Você é meio bipolar né Gui? Dá certo comigo - eu ri e ele retribuiu.
- Vem cá me dar um abraço chaveiro, só tenho a você aqui mesmo - ele riu e fui abraçá-lo.
Não resisti aquele momento.
- Você não sabe o quanto esperei por isso.
- Isso o que? - ele sussurrou no meu ouvido.
- Seu abraço, você tão perto de mim.
Ele se afastou e me olhou, de um olhar estranho, suspeito, misterioso e vários olhares ao mesmo tempo, mas eu soube decifrar cada um.
- Se eu não fosse teu amigo ia jurar que tava afim de mim - ele riu e eu fiquei séria - do jeito que falou.
Ele abriu o guarda roupa e foi vasculhar o que eu tinha trazido e de repente soltei mais um pouco de verdade.
- Devia confiar mais no que você mesmo disse.
- Hãm? - ele se fazia de desentendido.
- Confia em mim, por que eu te amo - soltei um sorriso sem graça e o olhei bem no fundo dos olhos, esperando uma reação, eu sabia que ele iria travar, mas eu tinha prometido contar algo muito importante naquele dia, então contei, fui em frente e não me arrependi naquela hora - te amo, eu não sabia em que momento dizer isso, mas lembra que eu disse que tinha algo pra te contar e isso me deixava mal, não tava bem por isso, pronto, já falei, é o contrário do que você pensa, não gosto de você como ídolo, nem como amigo, te quero pra mim, te quero como uma mulher quer um homem, pra ficar junto!
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